terça-feira, 14 de abril de 2009

1% detém 40% da riqueza mundial

1% detém 40% da riqueza mundial


Um por cento da população mundial detém 40% das riquezas do planeta. O dado foi publicado ontem pela Universidade das Nações Unidas, que lançou o que considera ser o maior projeto internacional para pesquisar a desigualdade no mundo e as disparidade sociais.
A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 25-03-2009.
A riqueza ainda está concentrada em alguns países. Das pessoas que fazem parte da elite mundial, 64,3% (ou a parcela de 1% dos mais ricos) estão nos Estados Unidos e Japão. O Brasil tem apenas 0,6% desses indivíduos. A pobreza também está concentrada: 25%, com patrimônio inferior a US$ 178, vive na Índia. Na China, 6% e no Brasil, 2,2%.

Demitidos questionam causa real da dispensa



Durante 15 anos, Maria do Socorro Macedo Martins trabalhou como passadeira de roupas em uma confecção na Vila Maria, zona norte de São Paulo. Ontem, ela engrossava as estatísticas do IBGE e a fila de requerentes do seguro-desemprego no posto de atendimento do Ministério do Trabalho, no centro da Capital.
A reportagem é de Andrea Vialli e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 27-03-2009.
"Estou dando entrada na documentação para sacar o seguro-desemprego. Vou ter direito a cinco parcelas de R$ 699", disse, confiante de que o dinheiro vai ajudar a equilibrar as finanças da casa. Seu marido perdeu o emprego em uma gráfica em dezembro e hoje são os dois filhos, de 22 e 26 anos, que arcam com as despesas da casa. "O dinheiro do seguro é um terço do que eu ganhava, mas na atual situação vai ajudar muito."
Para demitir a ex-funcionária, a empresa de confecção alegou que estava sofrendo os efeitos da crise. "Eles também não me pagaram a rescisão do contrato nem depositaram cinco anos de FGTS. Entrei na Justiça", conta Maria. Agora, ela e o marido estão em busca de uma nova ocupação, mas só têm encontrado "bicos" e propostas de emprego com baixa remuneração.
A atendente de telemarketing Rosa Aparecida dos Santos, demitida de um call center no mês passado, perdeu a esperança por um salário melhor. "Existe emprego em telemarketing, mas os salários estão muito ruins", lamenta. O motivo da demissão, diz, foi redução nos custos. Com as quatro parcelas de R$ 465 do seguro-desemprego, Rosa pretende ganhar tempo até encontrar outra ocupação.
Alguns trabalhadores que perderam o emprego duvidam que a crise seja a causa real dos cortes. "Sinto que as empresas estão usando a crise como pretexto para demitir e contratar outro funcionário por um salário menor", afirma Vitor Cunha Criscuolo, demitido de uma empresa de pesquisa de mercado, que segundo ele, "faz cortes em doses homeopáticas."

mobilização para o dia 30. ''É preciso mais ousadia''



"Temos apenas cinco dias para preparar as manifestações de 30 de março, o Dia de Mobilização e Luta em Defesa do Emprego e dos Direitos Sociais, convocado unitariamente por todas as centrais sindicais e as organizações mais representativas dos movimentos sociais brasileiros, e pouco mais de um mês para o 1º de Maio", escreve João Batista Lemos, secretário sindical do PCdoB e secretário ajunto de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em artigo publicado pelo jornal Brasil de Fato, 26-03-2009.
Eis o artigo.
O momento exige dos sindicalistas, em particular das lideranças da CTB em todos os estados, um empenho redobrado, o que requer a superação da rotina e do espírito burocrático de “cumprir agenda” e uma agitação mais intensa nas bases. É hora de despertar a consciência dos trabalhadores e trabalhadoras no chão das fábricas e nos demais locais de trabalho para a necessidade da luta.
Pensar grande
Devemos pensar grande e procurar nos colocar à altura do desafio que emerge com a crise. Miremos os exemplos de Portugal, onde o movimento sindical conseguiu reunir mais de 200 mil em defesa do emprego, dos salários e dos direitos, no dia 13 de março; e da França, onde uma greve geral e mais de 200 passeatas promovidas no dia 19 contra o governo Sarkozy, apoiadas por mais de 70% da população, mobilizaram cerca de 3 milhões de pessoas, transmitindo ao mundo um recado claro e contundente de que a classe trabalhadora não quer arcar com o custo da depressão econômica.
A economia estadunidense destruiu quase 5 milhões de postos de trabalho desde o início da recessão em dezembro de 2007, no Japão milhares de imigrantes brasileiros (dekasseguis) perderam o emprego e moradia, na Espanha a taxa de desocupação pulou de 8% para 15% em um ano, na zona do euro o índice subiu de 7,2% para 8,2% e tende a avançar ainda mais. A China perdeu 20 milhões de vagas e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que 32 milhões vão engrossar o exército de desempregados nos chamados países emergentes ao longo deste ano, enquanto o Banco Mundial calcula que outros 53 milhões serão condenados à extrema pobreza.
Flagelo
O desemprego é um flagelo para as famílias operárias, que são induzidas a encontrar ocupação para a maioria dos seus membros em função dos baixos salários, de forma a compor uma renda capaz de custear minimamente as despesas mensais. A demissão em massa é humilhante e ofende a dignidade do trabalhador. Mas, não é uma fatalidade inevitável, pois depende da decisão dos capitalistas e, por esta razão, pode ser barrada pela luta enérgica da nossa classe.
O Dia Nacional de Mobilização e Luta será a primeira resposta mais vigorosa e unificada da nossa classe trabalhadora à crise, ou mais precisamente às manobras patronais para descarregar o ônus da recessão exportada pelos EUA sobre as costas do povo e as iniciativas das potências capitalistas para que as nações mais pobres paguem o pato. Não devemos perder um só minuto no esforço de mobilização.
Defesa do desenvolvimento
Ao lado da luta imediata em defesa do emprego e dos direitos devemos levantar a bandeira do desenvolvimento nacional com soberania e valorização do trabalho, denunciar o capitalismo e apontar a perspectiva do socialismo com única saída definitiva para as crises. Nossa responsabilidade, enquanto dirigentes sindicais, é grande e cresce neste momento. Temos de consolidar e ampliar a unidade alcançada até agora e levar em conta os seguintes pontos:
Acentuar o caráter internacionalista do movimento, divulgando, ao lado das bandeiras unitárias das centrais, a palavra de ordem proposta pela FSM para as manifestações de 1º de abril “Em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra exploração”, bem como o logotipo da Federação.
Crise do capitalismo
Estamos diante de uma crise geral do capitalismo, uma crise que castiga duramente a força do trabalho em todo o planeta, disseminando o flagelo do desemprego, do arrocho salarial, da flexibilização de direitos e da precarização e elege suas maiores vítimas entre os segmentos mais frágeis dos assalariados, caso dos imigrantes na Europa, Japão e EUA, e dos empregados temporários no Brasil.
Devemos procurar conferir um caráter massivo às manifestações. Muitas vezes participamos das atividades convocadas pelos sindicatos e os movimentos sociais apenas para cumprir agenda. Diante da gravidade da crise é necessário romper com a rotina e o burocratismo. Os sindicatos no Brasil, por vários motivos, estão pouco enraizados nos lugares de trabalho.
Campo
É essencial e urgente agir para mudar este quadro, intensificando o contato com as bases. É necessário garantir a sustentação material e motivar a participação da juventude trabalhadora, das mulheres e demais movimentos sociais nesta luta. As Fetags devem envolver os trabalhadores rurais nestas mobilizações, inclusive porque o campo foi fortemente afetado pela crise. A luta é de todos.
Com ousadia e combatividade é necessário promover paralisações onde for possível, atos públicos, marchas e outras formas de manifestações para chamar a atenção da sociedade e da chamada opinião para a realidade da classe trabalhadora. O desemprego é um problema de toda a sociedade e devemos, também aqui, mirar o exemplo da França, onde mais de 70% da população apoiou a greve geral e as passeatas realizadas no dia 19.
Vamos à luta! O 30 de março será um momento privilegiado para convocar um 1º de Maio massivo, unitário e de luta.


''Não é hora de pedir aumento'', diz Lula



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem um recado aos trabalhadores: não é hora de pedir aumento. Em discurso para empresários do setor da construção, em São Paulo, Lula disse que, sem produção, não há como evitar o desemprego no País.
A reportagem é de Ricardo Brandt e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-03-2009.
"Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicações pedindo mais aumento, temos que contribuir para que a empresa venda mais, porque quanto mais ela vender, mais vai ter trabalhador contratado e mais a gente pode reivindicar aumento", disse o presidente. "Como fui sindicalista, sei que, quando há uma crise econômica em que a empresa não está vendendo seu produto, não há como a gente brigar para segurar o trabalhador", completou.
Lula admitiu que "não existe possibilidade" de os trabalhadores se beneficiarem em momentos como esse. "Época de crise é época em que todos perdem", disse Lula durante visita à 17ª Feira Internacional da Indústrias da Construção (Feicon), no Anhembi, em São Paulo.
Dias depois de lançar o programa "Minha Casa, Minha Vida", que prevê a construção de 1 milhão de casas populares, Lula defendeu a necessidade de manter a economia girando.
"Muita gente ficou preocupada porque eu fui no dia 22 de dezembro em rede nacional de televisão fazer um apelo para que o povo brasileiro não deixasse de consumir. Eu, que a vida inteira preguei contra o consumismo, fui para a televisão dizer que era hora de consumir." Segundo ele, seu gesto era para mostrar que, sem produção, a crise atingiria o País. "O povo não comprando, o comércio não vendendo, a indústria não produzindo seria um caos econômico em qualquer país."
Lula voltou a afirmar que não haverá pacotes contra a crise. "O governo vem tomando as medidas adequadas, não tomamos a decisão de fazer nenhum grande pacote, porque todos os pacotes feitos neste país viraram esqueleto e depois o governo tem de pagar", justificou.
G-20
O presidente, que embarcou ontem para uma viagem por vários países (Chile, Catar e França), terminando no Reino Unido, para a reunião do G-20 em Londres, disse que vai levar ao encontro dos líderes das maiores economias do mundo a seguinte tese: "Se a gente ficar com medo, tentando resolver apenas o problema dos banqueiros que quebraram, a crise não vai acabar. É preciso que se coloque os títulos podres no arquivo morto, que se coloque dinheiro novo para fazer crédito e vamos tocar o barco para a frente, senão os pobres do mundo é que vão pagar".


''Ele não teria a ousadia de dizer isso numa assembleia''



A recomendação do presidente Lula para que os trabalhadores ajudem as empresas a sair da crise, em vez de pedir aumento de salários, foi duramente criticada por sindicalistas. "Ele não teria a ousadia de dizer isso numa assembleia de metalúrgicos do ABC, no tempo em que era sindicalista", disse Antonio Carlos Spis, primeiro tesoureiro da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A reportagem é de Marcelo Rehder e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-03-2009.
Na avaliação de Spis, o conselho do presidente é "absurdo", porque, segundo ele, as empresas nunca chamam os sindicalistas para discutir quando têm lucro. "Agora, na hora do prejuízo vamos ter que nos apresentar para salvar a empresa?"
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a recomendação é incoerente com a vida de Lula. "Quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula nos ensinou que mais salários significa mais dinheiro para as pessoas comprarem, o que faz as lojas venderem mais, as fábricas produzirem mais e o País crescer", disse. "Ou ele desaprendeu ou nós fomos ensinados errado."
Paulinho afirmou que os sindicatos da Força Sindical vão continuar s brigar por aumentos reais de salários. Com data-base em 1º de maio, os 300 mil trabalhadores da construção civil de São Paulo querem que os salários sejam reajustados em 5,5%, além da reposição das perdas com a inflação. E já marcaram greve para o dia 27 do mês que vem. "Patrão e governo são iguais a galo velho, só amaciam na pressão", diz Antônio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato da categoria.

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