quarta-feira, 6 de maio de 2009

A atual crise exige unidade dos trabalhadores e firmeza na luta

A atual crise exige unidade dos trabalhadores e firmeza na luta

A classe trabalhadora brasileira e as demais forças populares passam por um momento especial na história da luta dos últimos 20 anos. A crise, conforme avaliamos reiteradas vezes, é profunda, grave e prolongada, com efeitos recessivos e depressivos, e afetará a todos, mas sobretudo os setores menos protegidos por direitos sociais. O colapso financeiro, que assumiu dimensões que podem abalar a economia com essa gravidade, traça um cenário com saídas distintas dentro do qual a ação organizada dos setores populares é um elemento definidor e central.

Os representantes da burguesia e do imperialismo tentam passar a fatura para o povo, afirmando que é uma crise de todos e que por isso deve ser enfrentada pelo conjunto da população. E que o colapso, resultado de anos de acumulação, de aumento da capacidade produtiva e desaguando nesse quadro de superprodução, é uma simples catástrofe da natureza.

A retirada de direitos, redução dos salários, aumento da exploração, terceirização, carestia etc. são efeitos já percebidos em todos os cantos. Segundo o Dieese, a taxa de desemprego superou os 15% nas seis principais regiões metropolitanas, atingindo mais de 3 milhões de pessoas no universo pesquisado. Cerca de 1 milhão de postos de trabalho foram suprimidos desde outubro de 2008. Além disso, baixos salários, a precarização das condições de trabalho, excessos de horas extras e condições insalubres de trabalho fazem parte da dura realidade do operário brasileiro. E esse quadro tende a se agravar.

Por outro lado, as forças populares brasileiras seguem no esforço de construção da unidade, avançando nas pautas de resistência e avançando na definição de programas de conteúdo estratégico, como a reestatização do setor financeiro, da Embraer e outros. Esse processo depende da capacidade da classe trabalhadora de resistir, pautar a prioridade do povo nesse momento e responder em alto e bom som que o povo não pagará pela crise. Essa construção deve ser feita em torno de bandeiras como a redução da jornada sem redução de salários, redução da taxa de juros/selic e auditoria completa da dívida publica.

Em todo o mundo, as forças populares vêm forjando respostas, construídas com unidade. Um exemplo foi o 1º de maio francês. Emblemático e simbólico, pela primeira vez após décadas de atividades isoladas, as oito principais centrais de trabalhadores se aliaram e fizeram manifestações por todo o país.

No Brasil, como dissemos anteriormente, a marcha do dia 30 de março, em São Paulo e em diversos outros Estados, reunindo dezenas de milhares de trabalhadores, foi um sinal importante dessa caminhada, reveladora de limites e muitos potenciais.

Os limites se expressaram no 1º de maio no nosso país. Diferentemente da unidade na marcha de março, as manifestações no Dia do Trabalhador foram organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Conlutas, Intersindical e outras sem qualquer unidade. A concepção e os métodos utilizados no 1º de Maio são elementos importantes e que devem ser analisados. É um dia de festa ou de luta?

Por exemplo, a distribuição de brindes em sorteios, shows que dão a esse dia especial e histórico uma imagem de festa e simples entretenimento. E a polêmica não para por aí. Os discursos e debates, ora centrados na sustentação das políticas do governo Lula, noutros espaços focados na oposição como eixo estruturador. Polarização esta aprisionada a uma visão da luta e política que tem a institucionalidade como prioridade central e organizadora das agendas, mobilizações e outras pautas.

O fato é que as maiores centrais sindicais do país – CUT e Força Sindical – comemoram o Dia do Trabalhador com shows e serviços assistenciais em todo o país. Em São Paulo, por exemplo, maior centro financeiro e industrial do país, a classe trabalhadora estava dividida. Pulverizaram-se as atividades no 1º de Maio. Milhares de desempregados, trabalhadores na ativa, aposentados e jovens em busca de oportunidade foram seduzidos pelos sorteios de automóveis e shows musicais oferecidos pela Força Sindical. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) fez sua festa na região central da capital paulista. Já a CUT organizou suas atividades na zona sul e na zona leste.

Ora, o Dia do Trabalhador historicamente é uma data na qual a classe sai às ruas para fazer mobilizações e protestos em defesa de seus direitos. Não para fazer festa. Até porque, a ganância dos capitalistas nunca deixa motivo para comemorar.

Portanto, é urgente preparar uma jornada unificada de luta. Articular uma resistência frente à ofensiva do capital. Hoje, a necessidade da redução da jornada sem redução de salários é clara diante da multiplicação do número de desempregados, que deve chegar a 250 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A crise sugere saídas que serão adequadas aos setores populares ou aos interesses da burguesia e do imperialismo. Temos de nos preparar, buscar alternativas que possibilitem a construção de um projeto popular para o Brasil. Nosso desafio é construir a unidade nas lutas e forjar nesse processo um bloco capaz de lutar pelo poder político, avançando na construção de uma sociedade socialista.

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